terça-feira, 11 de março de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Exposição no espaço cultural do Aeroporto de Belém

Desde a última sexta-feira, estão em exposição no espaço cultural do Aeroporto Internacional de Val-de-Cans, em Belém, dezoito esculturas do artista plástico paraense Guilherme Pontes, de 36 anos. Até aí nada demais. O especial está nos objetos criados por ele e no material utilizado para transformar as peças em verdadeiras obras de arte. O artista reutiliza sucata de bicicleta, carro, motocicleta, computador e tudo mais que achar interessante para compor sua obra. 'Essa deveria ser a tendência de todo o artista de hoje, o de reciclar objetos que podem virar lixo', avalia Guilherme.

O talento criativo do artista apareceu durante a infância nas ruas de Castanhal, município onde foi criado pela avó Maria Galdino, a dona Cazuzinha, junto com a irmã Célia Pontes. Vivendo com poucos recursos financeiros, brinquedo para os irmãos era dado somente no Natal, isso quando sobrava algum dinheiro. Mas, numa dessas brincadeiras de rua, Guilherme observou um colega brincando com um carrinho feito de lata e achou aquilo muito interessante. Então, começou a juntar quinquilharias daqui e dali para montar seus próprios brinquedos e fez sucesso. Logo se tornou o 'fazedor de brinquedos' da garotada da rua.

Aos 13 anos, para ajudar nas despesas de casa, Guilherme foi trabalhar numa oficina mecânica como funileiro e soldador. Algum tempo depois, em 1992, veio tentar a sorte em Belém, mas, sem muitas perspectivas, retornou a Castanhal para trabalhar na oficina do amigo Adilson Angelin, o Bida. 'Ele me deu liberdade para fazer minhas primeiras obras de arte que para mim, naquela época, eram apenas brinquedos, como quando era criança', conta o artista. Somente quando mostrou as peças aos amigos e ouviu incentivos para investir na carreira, foi que Guilherme resolveu levar a sério o ofício e embarcou novamente para Belém.

Mas, como talento só não basta, Guilherme teve que se valer da força de vontade para continuar na luta, já que não tinha material nem recursos para levar adiante o desejo de viver da arte. 'No começo fui tudo muito difícil, pois, não tinha as ferramentas para trabalhar. Então, falei com um amigo e ele me emprestou uma maquina de solda e comecei a fazer minhas primeiras obras e vender para os colegas', relembra. Só que esse amigo precisou da máquina de volta e Guilherme teve que apelar para um outro amigo que lhe concedeu empréstimo para comprar as máquinas que precisava, e assim continuou criando.

As coisas começaram a mudar quando Guilherme conheceu a dona de um bar, que pediu para que o artista deixasse algumas peças lá. 'Um dia ela me ligou e disse que tinha vendido tudo, aí comecei a procura lugares para expor e nessas andanças comecei a vender minhas peças nos lugares aonde ia, inclusive para clientes de outros países', conta Guilherme. Até que em 2006 conseguiu fazer sua primeira exposição, exatamente onde está hoje, no aeroporto. De lá pra cá, já contabiliza doze exposições em lugares diferentes, a maioria em bares da cidade.

E dessa forma Guilherme vai ganhando a vida. À noite, pega a mochila, coloca umas quatro obras e sai para vendê-las. Às vezes vende tudo, em outras oportunidades, nenhuma, mas nunca perde a chance de buscar novos contatos. 'Muitos gostam das peças, mas encomendam outras mais personalizadas. Só com esse trabalho na noite já conquistei uns sete clientes fixos', assegura o artista. Ele conta que as esculturas mais pedidas são figuras medievais, como o Don Quixote, e figuras amazônicas, como os ribeirinhos. O valor das peças variam muito, principalmente por causa do tamanho. 'As menores custam 50 reais e as maiores já vendi até por cinco mil', conta.

Segundo o artista, são necessários cerca de dois dias para confeccionar as peças menores e uma média de três meses para dar o acabamento final às de tamanho maior, como foi o caso da obra 'Semeador', encomendada por um colégio de Barcarena, que tem mais de um metro e meio de altura e outros tantos de largura. 'Esse tempo é necessário porque nem sempre a obra fica do jeito que eu quero logo da primeira vez. Às vezes acho que não ficou boa e desmonto tudo para começar tudo de novo', revela.

Guilherme alugou um galpão para produzir suas peças e parte do local ele aluga para um vendedor de sucatas que é a pessoa que lhe fornece boa parte do material que utiliza. 'Antes ia atrás das sucatas nas oficinas, agora elas vêm até mim', comemora. Também começou a investir na transformação de motos comuns em motos chopper custon, aquelas estradeiras, imortalizadas no filme 'Easy Rider', com Peter Fonda e Denis Hopper. 'Viver só de arte aqui em nosso estado é quase impossível, se bem que fazer essas motos também é, a meu ver, uma forma de arte', ressalta.

Texto publicado na Revista Troppo de O Liberal














Cavalo


Batedor de açaí.




Exposição na Computer Store

Dom Quixote



SONHA ALONSO QUIJANO

Desperta aquele homem de um indistinto
Sonho de alfanjes e de campo chão,
Toca de leve a barba com a mão
Duvidando se está ferido ou extinto.
Não irão persegui-lo os feiticeiros
Que juraram seu mal por sob a lua?
Nada. O frio apenas. Apenas sua
Amargura nos anos derradeiros.
Foi o fidalgo um sonho de Cervantes
E Dom Quixote um sonho do fidalgo.
O duplo sonho os confunde e algo
Está ocorrendo que ocorreu muito antes.
Quijano dorme e sonha. Uma batalha:
Os mares de Lepanto e a metralha.

JORGE LUIS BORGES
Tradução: Josely Vianna Baptista

Libélula

Criador & Criatura

Peixe

Banjo

Pirarucu

Matéria TV Record - 2006


Borboletas

O Artista e sua obra.

Matéria TV RBA - 2006

Bailarina